Como se usa e quais os cuidados com a amiodarona?
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Como se usa e quais os cuidados com a amiodarona?

Foto do escritor: Bruno FerrazBruno Ferraz

A amiodarona é uma das medicações mais utilizadas na cardiologia. Qual das afirmativas abaixo sobre esse fármaco podemos considerar como sendo incorreta:

A) Os efeitos colaterais oculares não são dose-dependente e podem ocorrer e desaparecer com a descontinuação da droga

B) No caso da solução injetável o efeito colateral maior é a hipotensão

C) Prolonga a repolarização e aumenta o intervalo QT, podendo causar torsades des pointes

D) Pode levar ao hipertireoidismo ou hipotireoidismo.

E) Atravessa a barreira placentária sendo contra-indicada na gestação e durante o aleitamento materno

 

RESPOSTA:

A amiodarona é um antiarrítmico da classe III. Possui amplo espectro de ação, atua bloqueando os canais de K mas pode bloquear também os canais de Na e Ca. Bloqueia receptores α e ß adrenérgicos. Provoca aumento da duração do potencial de ação da maioria das células cardíacas, redução do automatismo sinusal e da condução AV e depressão da condução miocárdica.

FARMACOCINÉTICA: altamente lipofílica. Depois de variável (30-50%) e lenta absorção gastrintestinal, a amiodarona se distribui muito lentamente mas de forma extensa no tecido adiposo. Por isso, a amiodarona deve preencher um enorme depósito nos tecidos periféricos para atingir níveis sanguíneos e cardíacos adequados como consequência do seu lento início de ação. Além disso, quando a administração oral é interrompida, a maioria do medicamento está ainda estocado nos tecidos, causando uma eliminação lenta com meia-vida longa, de até 6 meses.

Dose: FA ou Flutter atrial em torno de 200-300 mg/dia.

Indicações: arritmias supraventriculares (flutter, fibrilação e arritmias ligadas a síndrome de pré-excitação) e em arritmias ventriculares. Em PCR com taquicardia/fibrilação ventricular persistente após desfibrilação e adrenalina.

Administração intravenosa: é indicada para o início do tratamento e profilaxia de fibrilação ventricular recorrente ou taquicardia ventricular. Efeito colateral maior é a hipotensão atribuídos aos solventes usados na preparação.

Efeitos colaterais: os efeitos mais comuns são a bradicardia sinusal, especialmente em idosos; QT prolongado podendo levar a torsade des pointes (baixa incidência); microdepósitos corneanos (usualmente assintomáticos, dose-dependente e reversível); fotossensibilidade; hipotireoidismo; hipertireoidismo; toxicidade pulmonar; neuropatia periférica; hepatoxicidade com aumento das enzimas pancreáticas. Por isso é recomendável dosagem dos hormônios tireoidianos a cada 6 meses, dosagem das enzimas pancreáticas, controle do ECG, radiografia de tórax, exame da pele e dos nervos periféricos se surgirem sintomas. A amiodarona não deve ser utilizada como fármaco de primeira escolha na gravidez, pois sua segurança não foi estabelecida.

Portanto, a incorreta é A: Os efeitos colaterais oculares não são dose-dependente e podem ocorrer e desaparecem com a descontinuação da droga


Comentário por:


Nathalia Duarte Camisão

Título de Especialista em Cardiologia - SBC

Rotina da Unidade Cardiointensiva do Hospital Norte D'Or

Plantonista da Unidade Cardiointensiva do Hospital Barra D'Or

Residência Médica em Cardiologia e Clínica Médica

Questões em Cardiologia Cursos LTDA

CNPJ: 35.622.540/0001-91

Todos direitos reservados

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