Paciente de 48 anos, hipertenso e diabético, apresentou quadro súbito de palpitações após libação alcoólica. Sem outros sintomas. PA 120 x 80mmHg FC: 150bpm. Exame físico nada digno de nota. Foi realizado um ECG (abaixo). Qual o diagnóstico e a melhor conduta?
A) Flutter atrial. Iniciar amiodarona venosa. B) Flutter atrial. Cardioversão elétrica. C) Fibrilação atrial. Anticoagulação e controle de frequência cardíaca. D) Fibrilação atrial. Ecocardiograma transesofágico e posterior cardioversão.
E) Taquicardia atrial. Controle de frequência cardíaca. Programar ablação.
RESPOSTA:
O flutter atrial é uma arritmia atrial, organizada, que geralmente segue o seguinte trajeto: crista terminalis, istmo cavo-tricuspídeo e septo interatrial (anti-horário) ou o inverso (horário). Caracteriza-se pela presença de ondas F (similar a um serrote) em derivações inferiores (DII, DIII e aVF). A frequência atrial é geralmente em torno de 300bpm e o escape ventricular pode variar, gerando frequências ventriculares típicas: 150bpm (flutter 2:1), 100bpm (flutter 3:1) e 75bpm (flutter 4:1). Uma dica para diferenciar da taquicardia atrial é olhar DII: no flutter, a linha de base nunca fica isoelétrica.
Por ser uma arritmia organizada, o flutter apresenta excelente resposta ao tratamento com ablação. Na reversão do quadro agudo, o flutter responde mal aos antiarrítmicos, devendo a cardioversão ser a opção de escolha nesses casos. Assim como na fibrilação atrial, o tratamento anticoagulante é preconizado de acordo com o risco trombótico do doente.
Portanto, a opção correta é B Flutter atrial. Cardioversão elétrica
Comentário por:
BRUNO FERRAZ DE OLIVEIRA GOMES
Médico rotina do Unidade Cardiointensiva do Hospital Barra D'Or
Ecocardiografista do Hospital Barra D'Or
Diretor Administrativo do Departamento de Doença Coronária da SOCERJ
Intensivista no Hospital Federal Cardoso Fontes
Mestrando em Engenharia Biomédica na COPPE/UFRJ
Título de especialista em cardiologia e terapia intensiva