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Foto do escritorBruno Ferraz

Uso da ressonância magnética em paciente com dor torácica


Paciente masculino, 42 anos, com dislipidemia, apresenta dor torácica aguda com infradesnivel do segmento ST em parede lateral e elevação de troponina. Submetido à cineangiocoronariografia, não havia obstruções coronárias e a ecocardiografia não apresentava alterações. Submeteu-se à Ressonância Magnética cardíaca para investigação da lesão miocárdica, que mostrou função sistólica biventricular preservada, com edema e realce tardio mesocárdico em segmento inferolateral basal do ventrículo esquerdo. Em relação ao caso clínico descrito, assinale a alternativa CORRETA: A. O padrão de realce tardio é compatível com infarto, devendo-se considerar no diagnóstico diferencial trombofilias, embolia coronariana e vasoespasmo, e manter o paciente com uso de AAS, anticoagulantes e vasodilatadores. B. O padrão de realce tardio é compatível com infarto, devendo-se considerar no diagnóstico diferencial trombofilias, embolia coronariana e vasoespasmo, e manter o paciente com uso de AAS e vasodilatadores. C. O padrão de realce tardio é compatível com miocardite aguda, sendo a presença de realce tardio associada a pior prognóstico. D. O padrão de realce tardio é compatível com miocardite aguda, e a presença de realce tardio não possui valor prognóstico nessa patologia. E. O padrão de realce tardio é compatível com cardiomiopatia catecolaminérgica, sendo a presença de realce tardio associada a pior prognóstico.

 

RESPOSTA:

Os métodos não invasivos são ferramentas cruciais na investigação de dor torácica, principalmente naqueles pacientes com probabilidade PRÉ-TESTE intermediária para doença arterial coronariana. A Ressonância Magnética (RNM) vem se estabelecendo como ferramenta diagnostica bastante útil para avaliação cardíaca morfológica e funcional, fornecendo informações importantes diagnosticas e prognosticas, tanto na doença isquêmica como nas miocardiopatias não isquemicas. O caso acima se trata de um paciente com probabilidade pre teste intermediária para DAC que, na Emergencia, foi provavelmente diagnosticado como IAM sem supra de ST e encaminhado ao cateterismo cardiaco. Ao resultado normal, deve-se pensar nos principais diagnósticos diferenciais: trombofilias, embolia coronariana, vasoespasmo e miocardite. O método de imagem escolhido na questão é a principal forma de diferenciação entre lesão muscular de etiologia isquêmica e miocardite, orientando, a partir de seu resultado, o restante da investigação diagnostica e tratamento. A RNM permite, em um único exame, uma detalhada caracterização tecidual (hiperemia, edema, necrose/fibrose), avaliação da função contrátil de ambos os ventrículos, além da identificação e quantificação do derrame pericárdico. O padrão observado na RNM do caso em questão é típico de miocardite. lesões cicatriciais da fase crônica. As três principais técnicas de RMC utilizadas na caracterização da lesão miocárdica em pacientes com miocardite são as sequências que caracterizam o edema miocárdico, o realce miocárdico global precoce e o realce tardio. Além do edema, a atividade inflamatória também pode causar hiperemia e extravasamento no tecido miocárdico. Essas alterações podem ser identificadas nas imagens adquiridas pela técnica do realce global precoce. Por fim, a técnica do realce tardio permite identificar as regiões de necrose/fibrose com um padrão de distribuição multifocal característico da miocardite, sem correlação com o território coronário, acometendo o epicárdio e/ou o mesocárdio e preservando, em geral, o subendocárdio. As doenças isquemicas apresentam um padrão de realce tardio que INVARIAVELMENTE acomete o subendocardio e respeita a anatomia coronariana.


Postado por:


ANNA LUIZA RENNÓ MARINHO

Plantonista da Unidade Coronariana do Hospital Barra D'Or

Residência em Clínica Médica - Hospital Universitário Gaffré-Guinle

Residência em cardiologia - Instituto Nacional de Cardiologia

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