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Foto do escritorBruno Ferraz

Quando realizar biopsia endomiocárdica na insuficiência cardíaca?


Antes da discussão, responda a questão abaixo:

Todos pacientes abaixo tem indicação de biopsia endomiocárdica, EXCETO:

A) Homem de 48 anos, diagnóstico de IC há 2 anos, sem etiologia definida, mantendo-se em classe funcional II-III, com eosinofilia e reações alérgicas frequentes

B) Homem de 65 anos, com diagnóstico de IC há 6 meses, coronárias normais, sem fator causal definido, porém com relato de infecções respiratórias de repetição e com boa resposta ao tratamento clínico

C) Mulher de 35 anos, internada por IC (primeira manifestação), sem causa determinada, mantendo-se em classe funcional III-IV com tratamento clínico otimizado

D) Mulher de 52 anos, diagnóstico de IC há 8 meses, etiologia não definida, com duas internações hospitalares desde o diagnóstico apesar do uso correto dos medicamentos

E) Homem de 68 anos, internado por IC há 1 mês, etiologia não definida, com nova internação por síncope e identificado bloqueio atrioventricular de segundo grau Mobitz I.

Resposta:

A insuficiência cardíaca (IC) tem uma variedade de causas, mas em um grupo de pacientes não conseguimos identificar o fator causal. O estudo Myocarditis Treatment Trial mostrou uma incidência de 9,6% de miocardite detectada através de biopsia endomiocárdica em pacientes com IC sem causa definida. Para o diagnóstico de miocardite, a biópsia endomiocárdica é o padrão-ouro assim como para detectar persistência viral cardíaca e outras doenças cardiovasculares não-inflamatórias. Em situações específicas (miocardite de células gigantes, eosinofílica necrotizante e sarcoidose) mudam a terapêutica e o prognóstico dos doentes. As indicações de biopsia estão listadas abaixo:

- IC de início recente (<2 semanas), sem etiologia definida, sem resposta ao tratamento e piora hemodinâmica.

- IC de inicio recente (2 semanas a 3 meses), sem etiologia definida, associada a arritmias ventriculares ou bloqueios atrioventriculares de segundo e terceiro graus.

- IC com menos de 1 ano e mais de 3 meses, sem etiologia definida, sem resposta ao tratamento clínico otimizado.

- IC de qualquer duração, sem etiologia definida, com suspeita de reação alérgica e/ou eosinofilia.

- Arritmias ventriculares frequentes na presença ou não de sintomas, sem etiologia definida.

Portanto o paciente que não deve fazer a biopsia é o paciente do item B:

Homem de 65 anos, com diagnóstico de IC há 6 meses, coronárias normais, sem fator causal definido, porém com relato de infecções respiratórias de repetição e com boa resposta ao tratamento clínico


Referências:

Montera M.W., Mesquita E.T., Colafranceschi A.S., Oliveira Junior A.M., Rabischoffsky A., Ianni B.M., et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Miocardites e Pericardites. Arq Bras Cardiol 2013; 100(4 supl. 1): 1-36

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