Parada cardiorrespiratória: atualizações 2015
- Bruno Ferraz
- 19 de ago. de 2016
- 2 min de leitura
Homem de 58 anos, chega a emergência com queixa de dispnéia e dor precordial. Antes de realizar o ECG, apresentou perda súbita de consciência. Ao exame físico, não foi detectado pulsos centrais, paciente não respira. Contudo, o monitor mostra ritmo sinusal. Qual sua conduta?
A) Abrir a via aérea, realizar duas ventilações de resgate e avaliar se há retorno da circulação espontânea.
B) Solicitar ECG de 12 derivações para auxiliar o diagnóstico diferencial
C) Tentar palpar o pulso do paciente em outro local, para confirmar a parada cardiorrespiratória, antes de iniciar o atendimento.
D) Iniciar compressões torácicas intensas e rápidas, alternadas com ciclos de ventilação (30 compressões: 2 ventilações).
E) Desfibrilação imediata com carga de 120 a 200J (desfibriladores bifásicos) ou 200 a 360J (desfibriladores monofásicos).
Resposta:
Trata-se de um doente com sintomas de dor torácica e dispnéia que rapidamente evolui para condição de atividade elétrica sem pulso (AESP), que é um ritmo de parada e deve ser abordada como tal.
A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência que exige rápida atuação visando minimizar as potenciais lesões cerebrais irreversíveis. O protocolo de atendimento à PCR (ACLS) foi atualizado em 2015 onde algumas modificações importantes foram atualizadas:
Foco na qualidade e frequência compressões torácicas - a frequência das compressões deve ser entre 100 a 120/minuto e a compressão deve atingir profundidade de 5 a 6cm. Interromper as compressões o mínimo possível. Em pacientes sem via aérea avançada, 2 ventilações de resgate devem ser realizadas após as 30 compressões. Caso o paciente esteja com via aérea avançada, 1 ventilação a cada 6 segundos
Adrenalina precoce: Iniciar o mais rápido possível em ritmo não chocável. O uso da vasopressina foi retirada do protocolo
Uso da capnografia: Já era recomendada no protocolo anterior como parâmetro de qualidade de compressões. Nesse protocolo, a capnografia foi incluída como fator prognóstico. Uma ETCO2 menor que 10mmHg após 20min de reanimação indicam baixa chance de retorno à circulação espontânea.
Reanimação com circulação extracorpórea: Restrito a alguns casos onde há algum benefício pós-PCR, como candidatos a transplante cadíaco.
Antiarrítmicos pós-TV/FV: considerar uso de betabloqueador ou lidocaína nesses doentes apesar de poucos estudos mostrarem benefícios
Corticóides: Parece ter algum benefício quando administrado em conjunto com vasopressina e adrenalina em casos de PCR intra-hospitalar. Não se recomenda o uso rotineiro.
No paciente em questão, como ele não apresentava ritmo chocável, a recomendação seria iniciar prontamente as manobras de RCP, adrenalina precoce e, como se trata de uma situação de AESP, tentar identificar uma possível causa do ritmo de parada. Usamos o mnemônico 5H e 5T para auxiliar no diagnóstico diferencial. Os 5H são: hipovolemia, hipoxia, hipotermia, hipo/hipercalemia e H+(acidose). Os 5T são: tamponamento cardíaco, tromboembolismo pulmonar, trombose coronariana, tóxicos e tensão de tórax (pneumotórax). Portanto, a resposta dessa questão é a letra D.

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